terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ode ao dia 6 de setembro?

Nas palavras do poeta Jaylor Gonçalves:

Foi num sábado de setembro
Dia quatro, após o almoço,
Começou o tal de enredo
Que gerou esse alvoroço

A mãe com experiência
De dois partos bem fagueiros
Deu-me a noticia com urgência
Pediu fossemos ligeiros.

Ao chegar na beneficência
Achando que era barbada
A parteira com paciência
Disse: - a hora não é chegada.

Voltamos no domingo dia cinco
Conforme recomendaram
A parteira com afinco
Disse “as coisas já mudaram”

Domingo grande, aquele...
As contrações irregulares
Tinham que ver a cara dele
Como a soma dos azares.

Tudo que era mulher paria
O hospital era uma festa só
Mas minha filha não saía
Como se fosse num tronco, um nó.

Chega a noite do cansaço
A expectativa era geral
Parteira e parturiente num bagaço
Coitada da guria, arfando e passando mal

Manhã de segunda-feira
No dia seis, do mês primaveril
Irmã Lucia que era freira
Anunciou para o Brasil

Com a ajuda de Deus, hoje nasce
E Deus quer este momento
Pela paciência a mãe merece
Por fim a esse sofrimento.

Com as mãos hábeis e abençoadas
Como uma fada angelical.
De teu pescoço tirou laçadas
Do cordão umbilical

O primeiro caminho da união
Por incrível que possa ser
Não fora a divina mão
A vida poderia fenecer.

Foi um grande trabalho de parto
Mais de dois dias de peleia
De gente se encheu o quarto
Pois de fato a coisa foi feia.

E assim chegaste em nosso mundo
Cianótica, sofrida e cansada.
Mas posso garantir que no fundo
És uma filha muito amada

Pode ser coisa de idoso
E até garanto que é
Mas quando é prazeroso
Chega a ser um ato de fé.


PoA, set/2000