Nas palavras do poeta Jaylor Gonçalves:
Foi num sábado de setembro
Dia quatro, após o almoço,
Começou o tal de enredo
Que gerou esse alvoroço
A mãe com experiência
De dois partos bem fagueiros
Deu-me a noticia com urgência
Pediu fossemos ligeiros.
Ao chegar na beneficência
Achando que era barbada
A parteira com paciência
Disse: - a hora não é chegada.
Voltamos no domingo dia cinco
Conforme recomendaram
A parteira com afinco
Disse “as coisas já mudaram”
Domingo grande, aquele...
As contrações irregulares
Tinham que ver a cara dele
Como a soma dos azares.
Tudo que era mulher paria
O hospital era uma festa só
Mas minha filha não saía
Como se fosse num tronco, um nó.
Chega a noite do cansaço
A expectativa era geral
Parteira e parturiente num bagaço
Coitada da guria, arfando e passando mal
Manhã de segunda-feira
No dia seis, do mês primaveril
Irmã Lucia que era freira
Anunciou para o Brasil
Com a ajuda de Deus, hoje nasce
E Deus quer este momento
Pela paciência a mãe merece
Por fim a esse sofrimento.
Com as mãos hábeis e abençoadas
Como uma fada angelical.
De teu pescoço tirou laçadas
Do cordão umbilical
O primeiro caminho da união
Por incrível que possa ser
Não fora a divina mão
A vida poderia fenecer.
Foi um grande trabalho de parto
Mais de dois dias de peleia
De gente se encheu o quarto
Pois de fato a coisa foi feia.
E assim chegaste em nosso mundo
Cianótica, sofrida e cansada.
Mas posso garantir que no fundo
És uma filha muito amada
Pode ser coisa de idoso
E até garanto que é
Mas quando é prazeroso
Chega a ser um ato de fé.
PoA, set/2000
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Assinar:
Postagens (Atom)